O Álbum Interiores

A alvorada e o movimento da manhã. A vida desperta sem pressa. As rotineiras e sinceras saudações entre comadres e compadres. O cheiro de café. As festas, as quermesses, as rezas, os santos. As missas. Os ciganos. O céu estrelado. O leve e solitário badalho do chocalho. O canto da coruja. O apagar da lamparina. Nos sonhos, os bons sentimentos de compartilhar, de respeitar e amar leve e imensamente (a vida).

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Interiores vem de uma sensação que todos parecemos compartilhar: a de que, quando as cidades cresceram, quando o progresso veio, alguma coisa se perdeu, uma inocência e uma poesia que quase não existem mais.

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Este encanto que existiu no passado nos causa uma nostalgia que não conseguimos explicar, a saudade de algo que muitos de nós nem sequer chegamos a conhecer. 

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Mergulhado nesse sentimento, o álbum passeia pelos interiores do Brasil e pelos interiores de todos nós.

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É "ambientado" em alguma cidadezinha antiga, com coreto, rádio na praça, casa assombrada... De gente de costumes simples, gente cordial, em um tempo de ingenuidade. O disco Interiores nos cativa por exibir algo que está dentro de todos nós e que é um sentimento bem-vindo: a nostalgia.

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É o Brasil colorido de sempre, porém visto ao cair do sol, em sua face mais nua e serena. Ou melhor, trata-se, sim, do Brasil, mas um Brasil que quase não existe mais.

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A maior parte das músicas é autoral. As excessões são "Qui Nem Jiló", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e "João e Maria", de Sivuca e Chico Buarque.